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27/03/2017

Preconceito ainda é a maior barreira à adoção

 

 

O caminho que devolve a uma criança abandonada ou maltratada a esperança do conforto afetivo familiar ainda é atravessado por preconceitos arraigados em nossa cultura. É o que defende o procurador de Justiça Sávio Bittencourt, coordenador do Instituto de Educação e Pesquisa do MPRJ (MPRJ). Sávio participou, no dia 8/3, de painel no evento Adoção 2017 Como transformar vidas, que reuniu em duas semanas exposição, palestras e depoimentos na Livraria da Travessa, no Leblon.

Na conversa, o procurador abordou a importância do afeto e da dedicação como parâmetros para se pensar na adoção de crianças, independente dos laços sanguíneos. A filiação biológica acaba funcionando como justificativa do amor, mas este paradigma que privilegia o esgotamento de todas as tentativas de restituição da criança à família de origem muitas vezes as prejudica. Ao passar muitos anos em instituições à espera da adoção, elas acabam deixando de receber o cuidado que mereciam ter em um momento tão importante de suas vidas, que é a infância, afirmou.

Sávio também alertou sobre os preconceitos enfrentados pelas famílias que estão na fila de adoção e os que elas mesmas reproduzem, como por exemplo, a preferência por bebês ou até mesmo por crianças que guardem semelhanças físicas com o adotante. Quando falamos de adoção estamos nos referindo, sobretudo, ao direito à convivência familiar afetiva da criança. É preciso lidar com este preconceito de forma pro-ativa, argumentou.

Ele defendeu, ainda, a ampliação do perfil dos adotantes para facilitar a adoção de irmãos, crianças portadoras de deficiência e inter-raciais. E, por fim, acrescentou que o conceito de família passa antes de tudo pela capacidade de cuidado e afeto. A única forma de uma criança ser feliz é ser filha adotada, ainda que por pais biológicos, concluiu.